20 outubro, 2005

Num passeio desses pela beira-mar...

Não podendo conter meu desejo desenfreado de fofoca e auto-promoção, farei um relato peripatético do que me aconteceu durante a tarde de quinta-feira 13, num devaneio na beira-mar.

Porque a tarde estava mui clara e meu joelho doentio aparentava uma razoável melhora, resolvi, após um convite, caminhar na beira-mar. A aparente recuperação do meu joelho foi atestada e a ida seguiu sem mais problemas. Nas imediações do Angeloni dei meia volta e o que se seguiu - vocês verão - não consigo ainda compreender.

Primeiro, na curva que segue em direção a SC-401, encontrei um rato branco (?) de pom-pom (??) e lacinho (?!?) sendo conduzido por uma menina. Uma moça que estava caminhando ao meu lado afirmou-me categoricamente que aquilo não era um rato, mas sim um poodle. Na hora acabei aceitando a sua classificação, mas decorrido algum tempo - e até mesmo agora - nutro grandes dúvidas a este respeito.

Passado isso, depois do elevado, qual não é minha surpresa em encontrar, na beira do calçadão, ali, na parte seca do mangue, uma tartaruga. Na verdade era um cágado, essas tartarugas de lagos doces. Parei para observar e alguns também o fizeram. Seguiram-se comentários ecologicamente religiosos do tipo: "Meu Deus!", "Coitadinha!" e "Vai morrer se ficar aí!". Depois, um comentário altruisticamente egoísta: "Ai, eu tenho nojo, quem vai devolver a tartaruga para o mangue?".

Lá fui eu, o defensor da fauna catarinense em missão de salvamento. "Tu sabe pegar esse bicho? Ele morde, cuidado!" - é, e corre atrás de ti se deixá-lo de barriga para cima!

Peguei o quelônio com apenas uma mão, mas percebi que seu casco era mais largo que um prato de sopa. Segurei-o então com ambas as mãos e levantei-o. Não fossem os anos de treinamento de reflexo que um míope suporta, não teria me esquivado de um estranho jato que saiu das proximidades de seu rabo.

Deixei a tartaruga em paz fazendo suas necessidades fisiológicas e observei o terreno onde estava. Precisava encontrar um laguinho e a região não facilitava a procura. Acabei encontrando mais à frente um mar de...bem, digamos...lama. Ergui o cágado e conduzi-o até aquela parte, mas parei abruptamente quando deparei-me com duas galinhas. Estavam "de cócoras", em posição de postura, mas faltavam-lhes as cabeças. De imediato pensei em minha vó: "Nunca passe por cima de um terreiro, meu neto. É coisa do coisa ruim! - Do Quimba vó? - É meu neto, desse coisa aí".

Como havia muitas pessoas já observando, desisti dos conselhos de vovó e pulei por sobre o terreiro. Larguei a tartaruga uns dois metros à frente e retirei-me do manguezal. Depois do trabalho feito, limpei minhas mãos numa goiabeira que por ali estava e voltei pra casa.

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