24 janeiro, 2007

Peru no Cu

Aquela ceia sendo preparada, aquele bando de retardado andando pela casa, fingindo estar descontraído e curtindo o "clima familiar", esperando unicamente a hora de atochar o cu com peru, lombo de porco, chester com aqueles cravos fdp, farofa... o suflê gozado, aquele clima de ódio na cara de quem trouxe os pratos "que são bem mais caros que os dos outros membros da família". Aquele inferno na cozinha, aquele monte de bebê cagando, chorando, quebrando a casa toda e aquele bando de véia dizendo "ai que coisa linda butchi-buuutchi". Vai tomar no olho do cu, filhote de sapiens bochechudo do inferno, careca, todo babado, ranho escorrendo, cheiro de diarréia, chocalho espalhado pelo chão. Daí vem o cachorro do dono da casa, aquela porra de boxer fedorento cheio de lama nas patas, pula em ti e você tem que dizer delicadamente, sorrindo: "Sai cão, blz?" Aquela "árvore de natal", um pinheiro tosco, nativo do hemisfério norte, cheio de bolas brilhantes, anjos de cerâmica e uma merda imitando neve. A noite é pra "celebrar a vida", mas o pinheiro já tá morto, sem seiva rodando, esperando uns 2 dias pra secar e ser jogado no terreno baldio ao lado. Ou pior, o pinheiro é de plástico. Prásteco. Na falta de um exemplar "de seiva e lenha", eles se dão ao trabalho de pegar os restos liquifeitos de dinossauros, há putos quilômetros abaixo da terra, refinar, processar, cortar, pintar e tentar finalmente imitar o formato da velha bosta de espécie do hemisfério norte, exportando-o logo depois da China para o Brasil. PUTA MERDA! Na varanda, pregado na parede, aquele jogo de fios e lâmpadas imitando uma estrela cadente com um metro de rabo. O orgasmo do anfitrião da casa ao mostrar as sete programações de pisca diferentes que a estrela tem. SETE! Com o preço de uma estrela dá para alimentar um etíope por 3 anos. Com o preço do pinheiro de prásteco + as bolinhas se alimenta uma tribo inteira. Aí vem a hora do culto. Eu não tenho religião, não acredito em "forças superiores", velha do saco, etc, prefiro ficar na varanda. Não quero atrapalhar nada nem me irritar de graça, respeito a ignorância de cada um. Mas não... A proposta de paz é logo atropelada pela avó da família, que está descontroladamente indignada pela "alienação religiosa" do neto. Ela senta ao meu lado, diz que isso seria uma falta de educação e pergunta se eu realmente não tenho religião. Eu repito que não. Ela fica indignadíssima, afinal é algo básico na vida de uma pessoa optar por uma religião. Qualquer uma segundo ela, "menos essas coisas de candomblé, macumba, etc". Depois dessa desisti e fui fingir que prestava atenção no culto deles. Um culto espírita. Um falando sobre a vida que o outro teve na outra encarnação. Pensamentos utópicos que eles vêem como uma verdade indiscutível... claro, cada um naquela merda de roda já deve ter morrido umas 340 vezes pra ter tanta certeza de como é que a coisa funciona. "Mas meu filho, cê precisa acreditá em alguma coisa!" Ah é? Quem precisa disso? Acreditando ou não todo bicho homem come igual, caga igual, dorme igual e trepa igual. Quer dizer, trepar não. As freiras não trepam, pelo menos em teoria. Já os coroinhas por sua vez aprendem a fazer um bola-gato bem cedo... é nisso que dá acreditar numa lenda inventada há 2 mil anos. Mas tá, hora do amigo secreto. Amigo secreto de R$ 1,99, pra ajudar a economia de Taiwan, afinal os trabalhadores de lá precisam receber seus 6 dólares de salário mensal. O amigo secreto de natal não é aquele amigo secreto normal, "amigável". Devido à pressa e à impossibilidade de todo mundo pegar seu amigo secreto dias antes, toda a porcariada de prásteco from Taiwan é colocada em cima de uma mesa e papéis numerados são distribuídos. Começando da pessoa que pegou o número 1, cada um levanta, escolhe um pacote e o abre na frente de todos. Seria perfeito se terminasse por aí, no máximo ainda se ao final as pessoas pudessem trocar seus lixos entre si, de forma amigável. Mas não. Como se trata de uma noite de "paz", "perdão" e "harmonia", tem que haver uma regra que dissemine ainda mais ódio e inveja nesse antro de hipocrisia. A pessoa que pega seu presente, após abrí-lo, pode trocar o mesmo com qualquer indivíduo de numeração mais baixa, independente da vontade deste último (de preferência alguém que tenha gostado bastante do presente que pegou). A cada troca de presentes o ódio aumenta e paira sobre a sala, disfarçado com sorrisos forçados e risadas nervosas. É o espírito de natal contagiando a família! Fui o último número e não quis sacanear ninguém. Peguei um batom, que era a última coisa que havia sobrado. Troquei com uma mulher desesperada que havia perdido sua "cesta de frutas" e ganho um "cachorro de borracha". O cachorro até era massa e o batom eu não faria muito uso (bloco dos sujos?), mas troquei mesmo pra deixar aquela débil-mental um pouco mais feliz... ok, e pra ela parar de berrar que queria trocar o cão. Após esse saudável exercício de cidadania, todo mundo foi encher o cu de farofa, peru, pernil, etc, etc, etc. O cachorro ganhou uma fatia de tender. Minha tia solteirona atacava as ameixas. Uma criança de parentesco desconhecido tentava subir na sua bicicleta nova. O trabalhador taiwanês vendia suas férias pra ganhar mais uns trocados. E todo mundo foi pra casa mais quieto, com sono, pança cheia, com aquele monte de fezes moles sendo desidratado no intestino grosso, rumo ao reto anal e à liberdade, pra no dia seguinte pela manhã ir por uma tubulação até o rio mais próximo e matar alguns cardumes de peixes com um tsunami de bosta.

Natal é uma beleza, prometi a mim mesmo que nunca mais participo dessa "comemoração". Alguém tá afim de subir o Jurepê em dezembro?

Um comentário:

Astolfo Jr disse...

Ai que coisa feia meu filho. Essa coisa de ateu é coisa do coisa ruim! É sim, é ele que quer te levar para o mau caminho. Toma cuidado, porque ele é mau. O Natal é uma coisa linda de meu Deus! A Tradição, a Família. Glória Senhor nas alturas! Abençoai esse menino que não sabe o que diz!